terça-feira, 29 de março de 2011

Uma última carta...

Já se passaram alguns dias sem você e tudo ainda dói muito. Sinto falta de cada detalhe seu... Da sua risada alegre, da sua voz, do seu cheiro... É insurpotável saber que você não vai chegar em casa, que não vai me encher de tanto repetir que me ama, que não vai me defender quando eu precisar, que nunca mais eu vou ser amada como você me amou. Aliás, como você amou! Se eu fosse usar uma palavra pra te definir seria “amor”. Porque você amava tanto. Amava a vida, as pessoas à sua volta, a sua família e a gente. Ah, como o senhor amava a gente. Acho que nós fomos premiadas com o melhor do seu amor. Éramos as mulheres da sua vida (como o senhor sempre dizia): Shirley, Sheyse, Keka, Lika (e Antonia).

como poderei viver sem a tua, sem a tua, sem a tua companhia?”. Sem a tua presença em casa, sem o teu barulho ao chegar, o seu jeito estranho de comer e tomar água, a tua super proteção e a tua risada estonteante. Já não adianta mais brigar com Deus, procurar respostas, revoltar-se com a vida. Estamos tentando juntar nossos cacos e nos recompor. Não, não estamos bem e na ficaremos bem durante muito tempo, mas estamos tentando. Eu sei que ainda haverá momentos de muita dor e saudade... Eu ainda não sei como vou passar meu primeiro Dia dos Pais sem você, meu próximo aniversário, as manhãs de domingo... Como será minha formatura sem você pra entrar de braços dados comigo se era esse um momento que a gente esperava tanto? Como será quando eu tiver meu primeiro filho sem você pra jogar bola com ele?

Eu ainda queria te dizer tanta coisa pai... Dizer que te amo infinitamente, que adorava o seu jeito de me olhar com orgulho, suas brincadeiras e suas frases sem sentido. Queria te dizer que eu nunca entendi nada de futebol nem de fórmula 1 e se eu ficava sentada ao teu lado assistindo tv era só pelo prazer da tua companhia e porque eu queria chegar perto de ser o filho homem que você tanto desejou.

Eu queria te agradecer ao amor que você me dedicou. A todas as vezes que você me deixou chorar no seu colo ou que você me pediu desculpas mesmo sabendo que eu estava errada. A todas as vezes que você me bateu para me resgatar, a todas as coisas bonitas que você me disse... As minhas amigas morriam de inveja porque você era o melhor pai do mundo e você até fez uma música pra mim (que eu fingia morrer de vergonha, mas que me deixava toda envaidecida).

Eu lembro que em uma de nossas últimas conversas você me disse: “Sheyse como você parece comigo...”. E eu só tenho que agradecer a Deus por isso... Por ter absorvido o melhor de você. O seu amor imenso, a sua sede de vida, a sua força, sua sensatez e até os seus defeitos. Desde que o senhor partiu que os versos de Naquela Mesa não me saem da cabeça porque o senhor sempre ouvia essa música com lágrimas nos olhos lembrando-se do seu pai e agora é a sua saudade que está doendo em mim. Esses versos falam muito mais do que eu consigo falar: E nos seus olhos era tanto brilho/Que mais que seu filho eu fiquei seu fã/Eu não sabia que doía tanto uma mesa num canto, uma casa e um jardim/Se eu soubesse o quanto dói a vida essa dor tão doída, não doía assim [...]Naquela mesa ta faltando ele e a saudade dele ta doendo em mim.

Hoje o dia está chorando. Talvez por ser hoje um dos dias mais difíceis dessa etapa sem você e nossas lágrimas já não são suficientes para expressar sua falta.

Eu sei que pra sempre eu vou sentir sua falta, todos os dias, todos os detalhes... porque você me deu tudo de melhor e me ensinou as melhores coisas. E quando essa dor doer bem forte...eu vou imaginar que você está sorrindo e dizendo que ama!

(24/03/2011)

quinta-feira, 10 de março de 2011

Fabricio Carpinejar - Medo de se apaixonar


Você tem medo de se apaixonar. Medo de sofrer o que não está acostumada. Medo de se conhecer e esquecer outra vez. Medo de sacrificar a amizade. Medo de perder a vontade de trabalhar, de aguardar que alguma coisa mude de repente, de alterar o trajeto para apressar encontros. Medo se o telefone toca, se o telefone não toca. Medo da curiosidade, de ouvir o nome dele em qualquer conversa. Medo de inventar desculpa para se ver livre do medo. Medo de se sentir observada em excesso, de descobrir que a nudez ainda é pouca perto de um olhar insistente. Não suportar ser olhada com esmero e devoção. Nem os anjos, nem Deus agüentam uma reza por mais de duas horas. Medo de ser engolida como se fosse líquido, de ser beijada como se fosse líquen, de ser tragada como se fosse leve. Você tem medo de se apaixonar por si mesma logo agora que tinha desistido de sua vida. Medo de enfrentar a infância, o seio que criou para aquecer as mãos quando criança, medo de ser a última a vir para a mesa, a última a voltar da rua, a última a chorar. Você tem medo de se apaixonar e não prever o que pode sumir, o que pode desaparecer. Medo de se roubar para dar a ele, de ser roubada e pedir de volta. Medo de que ele seja um canalha, medo de que seja um poeta, medo de que seja amoroso, medo de que seja um pilantra, incerta do que realmente quer, talvez todos em um único homem, todos um pouco por dia. Medo do imprevisível que foi planejado. Medo de que ele morda os lábios e prove o seu sangue. Você tem medo de oferecer o lado mais fraco do corpo. O corpo mais lado da fraqueza. Medo de que ele seja o homem certo na hora errada, a hora certa para o homem errado. Medo de se ultrapassar e se esperar por anos, até que você antes disso e você depois disso possam se coincidir novamente. Medo de largar o tédio, afinal você e o tédio enfim se entendiam. Medo de que ele inspire a violência da posse, a violência do egoísmo, que não queira repartir ele com mais ninguém, nem com seu passado. Medo de que não queira se repartir com mais ninguém, além dele. Medo de que ele seja melhor do que suas respostas, pior do que as suas dúvidas. Medo de que ele não seja vulgar para escorraçar mas deliciosamente rude para chamar, que ele se vire para não dormir, que ele se acorde ao escutar sua voz. Medo de ser sugada como se fosse pólen, soprada como se fosse brasa, recolhida como se fosse paz. Medo de ser destruída, aniquilada, devastada e não reclamar da beleza das ruínas. Medo de ser antecipada e ficar sem ter o que dizer. Medo de não ser interessante o suficiente para prender sua atenção. Medo da independência dele, de sua algazarra, de sua facilidade em fazer amigas. Medo de que ele não precise de você. Medo de ser uma brincadeira dele quando fala sério ou que banque o sério quando faz uma brincadeira. Medo do cheiro dos travesseiros. Medo do cheiro das roupas. Medo do cheiro nos cabelos. Medo de não respirar sem recuar. Medo de que o medo de entrar no medo seja maior do que o medo de sair do medo. Medo de não ser convincente na cama, persuasiva no silêncio, carente no fôlego. Medo de que a alegria seja apreensão, de que o contentamento seja ansiedade. Medo de não soltar as pernas das pernas dele. Medo de soltar as pernas das pernas dele. Medo de convidá-lo a entrar, medo de deixá-lo ir. Medo da vergonha que vem junto da sinceridade. Medo da perfeição que não interessa. Medo de machucar, ferir, agredir para não ser machucada, ferida, agredida. Medo de estragar a felicidade por não merecê-la. Medo de não mastigar a felicidade por respeito. Medo de passar pela felicidade sem reconhecê-la. Medo do cansaço de parecer inteligente quando não há o que opinar. Medo de interromper o que recém iniciou, de começar o que terminou. Medo de faltar as aulas e mentir como foram. Medo do aniversário sem ele por perto, dos bares e das baladas sem ele por perto, do convívio sem alguém para se mostrar. Medo de enlouquecer sozinha. Não há nada mais triste do que enlouquecer sozinha. Você tem medo de já estar apaixonada.

sexta-feira, 4 de março de 2011

Tati Bernadi


Tati Bernardi é uma jovem escritora que fala de amor com a doçura e ilusão de uma adolescente.

Confesso que até já tinha ouvido falar da escritora, mas nunca me interessei muito (seria, talvez, certo preconceito com os escritores “modernos”). Mas li coisas dela que me instigaram a descobrir um pouco mais da escritora e encontro-me “deliciada” com suas palavras.

O site de Tati é muito legal, bem bolado e lá você tem acesso ao material da escritora podendo ler varias crônicas suas no link “arquivos”
Acho que vale a pena conferir!

E se rolar um preconceito (tipo o meu)... Desencana!

Provavelmente postarei coisas dela aqui no blog futuramente e já de cara fica a dica!